Não ficou claro nessa operação a forma como o BTG conseguiria receber dívidas de empresas com extremas dificuldades de caixa e, inclusive, várias em liquidação. Ou seja, crédito totalmente podre. O único ponto claro nessa operação é que, com a transferência dos débitos para uma nova empresa, os ex-controladores do BVA teriam seus patrimônios pessoais liberados. A operação está sendo submetida ao Banco Central que já constatou que os créditos a receber não cobrem nem 20% da dívida do BVA.
Somente com o fundo de pensão dos empregados da Petrobras, o BVA tem uma dívida de quase R$ 1 bilhão; com o Postalis, dos Correios, o montante chega perto de R$ 500 milhões; e com o Refer, da Rede Ferroviária, perto de R$ 200 milhões. A dívida do BVA começou quando o banco decidiu fazer empréstimos de forma agressiva – e muito suspeita – a empresas de pequeno e médio porte, cuja grande maioria não conseguia obter créditos em outras instituições. O direito sobre esses créditos eram vendidos pelo BVA aos fundos de pensão.
Em 2012 o Banco Central decretou a intervenção no BVA ao descobrir que a maioria desses empréstimos não seria pago, o que na época era totalmente previsível. Os ex-controladores estão pretendendo fechar a operação criativa com o Banco Central, ainda no âmbito administrativo, e evitar que o banco seja liquidado e o processo seja encaminhado à Justiça, que cuidaria da falência da empresa. Ao passar para a Justiça, qualquer operação criativa se torna bem mais difícil.
Fonte: JORNAL DO BRASIL – 18/02/2014